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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Há 74 anos era fundada a 4ª Internacional

Há 74 anos, no dia 3 de setembro de 1938, era fundada a 4ª Internacional nos arredores da cidade de Paris, França. Questão atual, a luta internacional do movimento operário e sua organização remonta a criação da 1ª Internacional, como um instrumento de luta para ajudar na ação contra o capitalismo e pelo socialismo. Esta luta é cada dia mais necessária. Na crise atual do capitalismo todos os governos buscam de maneira articulada e através do FMI, do banco mundial, da ONU salvar as fortunas dos grandes capitalistas, bancos e corporações às custas dos direitos arrancados por séculos de lutas do movimento operário. A luta organizada e independente dos trabalhadores e da juventude em cada país e em escala internacional é uma necessidade para fazer frente a estes ataques.
A fundação da 4ª internacional é parte de uma longa tradição de luta internacionalista dos revolucionários contra o capitalismo e que começou bem antes. A AIT (Associação Internacional dos Trabalhadores ou 1ª Internacional) fundada em 1864 em Londres pela ação de Marx e Engels, uniu diferentes correntes do ainda pouco articulado movimento operário europeu do século XIX e terminou com a derrota da Comuna de Paris em 1871. A 2ª Internacional fundada em 1889, teve o impulso inspirador de Engels (Marx já havia morrido) e ajudou a formar poderosos partidos operários de massa nos países industrializados. Com a Primeira guerra mundial (1914-1918) a 2ª Internacional se divide quando um setor reformista passa a apoiar os governos burgueses. A ala revolucionária liderada por Lênin, Rosa Luxemburgo e Trotsky entre outros luta para construir novos partidos revolucionários. A oportunidade histórica surge com a vitória da revolução operária na Rússia em 1917: dois anos depois é fundada a 3ª Internacional e surgem os partidos comunistas.
A revolução russa cercada e atacada por todos os lados em guerra civil até 1921. O Exército Vermelho liderado por Trotsky consegue esmagar os Brancos – contrarrevolucionários sustentados por governos imperialistas e os antigos monarquistas e capitalistas da Rússia – mas a classe operária sangra e perde a nata da sua militância revolucionária na guerra. Uma nova camada social de burocratas e carreiristas substitui pouco a pouco os militantes. A democracia nos sovietes e no partido vai desaparecendo. Em 1923 surge então a Oposição de Esquerda e em 1926 a Oposição Unificada, com o objetivo de defender a democracia interna, o livre debate e a ampliação da revolução para outros países. Stálin passa a defender o impossível “socialismo num só país” e a repressão contra a oposição. A 3ª Internacional cada vez mais burocratizada começa a perseguir qualquer militante que não aceite cegamente o que diz a direção de Stálin. Trotsky é expulso em 1929 da URSS e com outros oposicionistas funda a Oposição de Esquerda Internacional, que conta no Brasil com o grupo liderado por Mário Pedrosa intervindo como fração no PCB, lutando contra a colaboração deste com a burguesia brasileira. A Oposição busca combater o stalinismo dentro dos Partidos comunistas. Porém, em 1933, quando a Oposição constata a chegada de Hitler ao poder sem ação dos comunistas alemães, o caminho para uma Nova Internacional começa a ser trilhado. Stálin havia assassinado a 3ª Internacional. A luta por uma nova internacional, pela 4ª Internacional é a luta pela defesa da herança da Revolução de Outubro para as novas gerações de militantes. Durante as década de 1930 esta perspectiva não foi fácil de ser mantida. Ao mesmo tempo que a grande crise do capitalismo de 1929 devastava o emprego dos operários e os levava a lutar, a burguesia se usava do fascismo para deter a revolução proletária e o stalinismo defendia a colaboração com as burguesias nas frentes populares. Os militantes que combatiam pela 4ª precisaram ainda enfrentar a repressão e perseguições que prendiam e assassinavam seus quadros mais experientes. Quando finalmente o congresso de fundação se reuniu, mesmo com poucos militantes, ele concentrava a experiência de luta de várias gerações de militantes e buscava ajudar o conjunto do movimento a se preparar para o longo período de guerras e ataques. O militante brasileiro Mário Pedrosa era delegado e representou as seções da América Latina. Como diz seu Manifesto totalmente atual: “O maior perigo ameaça as massas do mundo inteiro...Estamos colocados diante dos horrores de uma nova guerra imperialista mundial (…). O mundo capitalista está ferido de morte. Em sua agonia exala os venenos do fascismo e da guerra totalitária”. Mas o principal documento aprovado foi “O Programa de Transição: a agonia do capitalismo e as tarefas da 4ª Internacional”, que afirma que o capitalismo sobrevive as custas de destruir as forças produtivas da humanidade, como as guerras, o desemprego e a fome. Hoje frente a crise do capitalismo, que busca atacar os trabalhadores e a independência de suas organizações, provocar mais guerras e fome, tudo para sobreviver, a 4ª Internacional existe como uma força para ajudar a defender as conquistas dos trabalhadores e da juventude e suas organizações para derrotar o capitalismo. Esse será o lugar do próximo 8º congresso da 4ª Internacional, cujas teses e propostas estão abertas à discussão de todos os militantes do movimento operário e da juventude. Everaldo Andrade Cronologia 1864 - 1ª internacional liderada por Marx, Engels e outras correntes operárias 1889 - 2ª internacional liderada por Engels 1919 – fundação da 3ª IC após a vitória dos bolcheviques na revolução de 1917 na Rússia 1929 - Formação da Oposição Internacional de Esquerda para defender a 3ª IC do stalinismo 1936 – conferência pela 4ª Internacional 1938 – fundação da 4ª Internacional 1948 – 2º congresso da 4ª Internacional 1952 – Crise da 4ª internacional. M. Pablo e E. Mandel provocam a divisão ao propor sua dissolução ou adaptação aos partidos reformistas ou comunistas. A seção brasileira desaparece. 1953 – Constituição do Comitê Internacional pela 4ª Internacional visando reconstituí-la. 1976 – reorganização da seção brasileira (OSI), depois corrente O Trabalho 1993 – reproclamação da 4ª internacional 2013 – realização do 8º congresso Para conhecer mais sobre a história da 4ª Internacional: livro “O Trotskismo', de Jean-Jacques Marie, editora Perspectiva. Para acompanhar e participar das discussões preparatórias do 8º congresso leia a revista A Verdade, que publicará seus documentos preparatórios, difundida pelos apoiadores do jornal O Trabalho.

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