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quarta-feira, 21 de maio de 2008

Governo Lula gasta meio bilhão para reprimir o povo haitiano

Governo Lula gasta meio bilhão para reprimir o povo haitiano



No próximo dia 28 de maio completam-se quatro anos do envio das primeiras tropas brasileiras ao Haiti e Lula anuncia sua presença no país nessa data. Há o que comemorar?


No último dia 30 de abril o deputado federal do PT Fernando Ferro e Markus Sokol, da Direção Nacional do PT entregaram uma carta , redigida pelo haitiano David Josue e dirigida ao presidente Lula. Depois de relatar os crimes cometidos pelas tropas de ocupação ele pergunta a Lula:“você e seu governo ficarão silenciosos sobre essas atrocidades ?”

Uma campanha se desenvolve com a coleta de milhares assinaturas para divulgação e apoio à essa Carta. A única resposta do governo Lula a todo povo haitiano e brasileiro, deve ser a imediata retirada das tropas do Brasil que comandam a ocupação da ONU no Haiti. Lula já sinalizou sua resposta.


Na contramão das iniciativas tomadas pela campanha pela retirada das tropas, a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) acaba de aprovar, a pedido do governo Lula, a ampliação do número de soldados do país. O projeto foi aprovado na terça-feira (6 de maio) e prevê o envio de mais cem militares da Companhia de Engenharia do Exército, aumentando para 1,3 mil o total de brasileiros na missão.


Bucha de canhão dos EUA


Na verdade a proposta é uma resposta positiva às pressões da ONU, que busca utilizar o Brasil como bucha de canhão dos interesses do imperialismo estadunidense. Os EUA, afundados até o pescoço nas invasões do Iraque e Afeganistão, encontrou na disposição do governo Lula de mandar soldados, um ótimo aliado para complementar e auxiliar sua política de intimidação dos povos que lutam pela sua soberania América Latina.


Em abril as tropas brasileiras participaram de ações de repressão ao povo haitiano que luta contra a fome e o governo fantoche apoiado pela ONU.
Buscando dar um verniz menos militar e policialesco aos “soldados da paz” - que não vacilaram em reagir com balas às manifestações populares legítimas - a ONU afirma agora que busca como prioridade apoiar a realização de obras de infra-estrutura no Haiti.


A missão no Haiti foi criada em 2004, após resolução do Conselho de Segurança da ONU, para atuar não só como força militar, mas também para aparelhar melhor as forças policiais. Mas a realidade econômica e social do país mostra que a verdadeira face da intervenção é impedir que o povo haitiano lute pelas suas reivindicações. A ocupação é um obstáculo para o povo haitiano busca de maneira independente e soberana a solução dos seus problemas. Como disse o sargento brasileiro Cleverton Vianna: "Não adianta a ONU investir bilhões sem construir uma estrutura política, militar e social. Não vai adiantar ficar lá, nem por 20 anos" . Outro militar membro da tropa brasileira que chegou ao Haiti em 2005, o sargento Ivano José Hoegen concorda: "Achamos que ia ser uma missão de paz, mas vivemos combates reais" (FSP, 19/05/2008)


Além de atacar a soberania de outro país, o custo da missão brasileira no Haiti já beira o meio bilhão de dólares até 2008. O valor para manter militares soma 60% do que governo investiu em segurança em 2007 e a ONU reembolsou só 31% dos R$ 464 milhões gastos pelo Brasil em quatro anos da operação de paz.

De janeiro a abril de 2008 a operação consumiu R$ 10,3 milhões, provenientes de restos a pagar. Em 2007, custou R$ 123,3 milhões. Em 2006, R$ 118,2 milhões. Somados, 2005 e 2004 totalizaram R$ 220 milhões.Até o final deste ano, o valor deve atingir R$ 545,5 milhões, com a execução do empenho de R$ 89 milhões previstos no Orçamento de 2008. É quase o que o Ministério da Defesa gastará neste ano com controle do espaço aéreo (R$ 583 milhões) ou 60% de tudo o que o governo investiu em segurança pública em 2007.


Educação em SP no fundo do poço

Educação em SP no fundo do poço

Um exame realizado pelo próprio governo do estado de São Paulo na rede pública de ensino constatou o óbvio: os desastrosos resultados dos alunos da rede pública de ensino em Português e Matemática. A rede pública é gigantesca: 250 mil professores, 5.500 escolas e 5 milhões de alunos. Daqueles que finalizam o ensino médio 71% não dominam conhecimentos elementares de matemática e apenas 21% têm conhecimentos básicos de língua portuguesa.

Nos últimos anos a política do governo estadual para o ensino buscou implantar a municipalização das escolas, aprovação automática dos alunos, corte de professores e funcionários, arrocho brutal dos salários e incentivo às terceirizações e parcerias das escolas com empresas. Os responsáveis por esses resultados – os governos do PSDB que governo o estado há 12 anos – querem colocar a culpa nos professores! A secretária de educação Maria Helena Guimarães afirmou que o problema se concentra na formação dos professores (OESP, 14/03/2008 ).

A resposta foi impor uma padronização dos programas de ensino ou currículo básico para todos os professores, tirando a autonomia dos professores, buscando transforma-los em meros monitores de ensino. A pauta de luta dos professores foi ignorada como aumento salários e limite de alunos por sala por exemplo. A mobilização unitária dos trabalhadores da educação, da CUT e envolvendo pais e alunos contra esse governo poderá abrir caminho para uma educação pública de qualidade.

Há 70 anos o México nacionalizava o petróleo

Há 70 anos o México nacionalizava o petróleo

Há poucos meses completaram-se 70 anos da expropriação das empresas petroleiras estrangeiras pelo México em 1938. O que ocorreu segue como exemplo hoje na América Latina.

Em 1938 o México era governado pelo presidente Cárdenas. Seu governo deu asilo político à Trotsky em 1936, uma atitude que era coerente com as medidas progressistas que vinha tomando.

O governo Cárdenas (1934 - 1940) representou uma ruptura e um giro nacionalista à esquerda do regime burguês iniciado com a revolução de 1910. Buscou através de uma série de medidas econômicas uma maior independência frente do imperialismo.

Em 1910 explodiu a Revolução Mexicana e as massas camponesas submetidas a condições de quase escravidão, lutaram contra a ditadura de Porfírio Díaz. Através do seu principal dirigente camponês - Emiliano Zapata - as massas recuperaram as terras expropriadas pelos grandes fazendeiros. O “Plano de Ayala” de Zapata propunha junto com a distribuição de terras, medidas de soberania da nação.

Ao terminar a revolução a assembléia constituinte de 1917 incorporou na nova Constituição o artigo 27 que, contra os desejos da burguesia compradora, declarava que a nação mexicana era proprietária do seu solo e subsolo. Sob pressão dos EUA em 1925 o presidente Calles promulga uma lei de petróleo que tenta dissolver o artigo 27 e transforma os velhos títulos de propriedade das empresas petroleiras em concessões perpétuas.

Um novo ascenso das lutas das massas operárias e camponesas na década de 1930 e o enfrentamento entre as potências imperialistas pelo domínio do mercado mundial, levaram Cárdenas a ir além dos limites da lei petroleira de Calles. A expropriação das empresas de petróleo em 1938, Cárdenas expressava o sentimento da nação mexicana.

Trotsky precisou convencer os militantes latino-americanos a defender essas medidas progressistas de Cárdenas:

"Sem sucumbir às ilusões e sem temer as calúnias, os operários avançados apoiaram completamente o povo mexicano na sua luta contra os imperialistas. A expropriação do petróleo não é nem socialista e comunista. É uma medida de defesa nacional altamente progressista."

O apoio incondicional às medidas progressistas de Cárdenas não significava o respaldo ao conjunto da sua política, menos ainda o abandono do combate pela independência sindical e política da classe operária. Tratava-se de aplicar a tática da frente única anti-imperialista, combinar a defesa incondicional das medidas progressistas, que na prática ajudavam a mobilizar as massas contra o imperialismo, com o combate independente do proletariado por suas reivindicações.

Everaldo Andrade





Cuba após Fidel

Cuba após a saída de Fidel

O povo cubano é quem deve decidir o seu futuro


O anúncio do afastamento de Fidel Castro do governo cubano com a eleição de seu irmão, Raúl Castro, à presidência, desencadeou uma ofensiva do imperialismo e seus aliados por “reformas” na ilha.

O governo Bush, que dá continuidade há quase 50 anos de bloqueio econômico implacável contra o povo cubano, imediatamente saudou o anunciou de Fidel e reafirmou a manutenção do bloqueio e a exigência de "abertura o mercado" e "democracia". Mas de que democracia ele fala?

Apoiar as conquistas da revolução não significa identificar-se com o regime “castrista". Ao longo de quase 50 anos após o triunfo da revolução um regime burocrático pouco a pouco se instalou. Isso ocorreu no momento em que o povo cubano conquistava sua soberania, ampliava seus direitos sociais expulsava a ditadura de Fulgêncio Batista, apoiada na época pelo imperialismo estadunidense.

A democracia que Bush fala pode ser vista hoje do Iraque, no Afeganistão e na política de guerra e destruição das nações. Uma imagem desta democracia é a base de Guantânamo, território ocupado desde o início do século 20 pelos EUA em Cuba e que se transformou em um campo de concentração e torturas contra prisioneiros sem nenhum direito a defesa.

Aqueles que perdem a "abertura do mercado" para combater a pobreza do povo cubano omitem que essa situação tem origem do implacável bloqueio econômico provocado pelos EUA. Já vimos o resultado da volta do mercado na Rússia e nos países do leste europeu: privatizações, destruição dos serviços públicos de saúde e educação, queda da esperança de vida, prostituição, máfias etc. Hoje a educação e saúde pública tornaram os cubanos um dos povos mais alfabetizados do mundo. A reforma agrária deu terras aos camponeses e as nacionalizações de empresas expulsaram as multinacionais que sugavam o patrimônio do pais.

O programa de reformas ameaça desde a cúpula da burocracia castrista as conquistas da revolução. Raúl Castro já pediu a Lula que aumente os investimentos privados na ilha e o ajude a abrir um canal de diálogo com Bush, ao mesmo tempo que vê Chavez como um obstáculo à sua política de abertura. O povo cubano sabe perfeitamente que a revolução garantiu direitos elementares negados hoje a milhões de outros latino-americanos como direito a escola a e saúde públicas de qualidade, que irão rapidamente desaparecer com as "reformas de mercado". Apenas o povo cubano e só ele deve decidir seu futuro. A classe operária apoiada em suas conquistas arrancadas e no direito de se organizar livremente em partidos e sindicatos, é que poderá abrir um caminho que garante a soberania e as conquistas da revolução.


Everaldo Andradd

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Cynthia McKinney, a novidade da eleição estadunidense

Vale a pena conferir algumas verdades sobre as eleições nos EUA que a
imprensa não divulga no Brasil!
Everaldo


Cynthia McKinney, a novidade da eleição estadunidense


A mídia quer nos fazer crer que a eleição presidencial nos EUA se
resume a escolher entre Clinton e Obama pelos Democratas ou algum
Republicano. A novidade seria a "possibilidade" de uma candidata
mulher ou um candidato negro.

A verdadeira novidade nessas eleições é a candidatura presidencial de
uma mulher negra com compromisso com os trabalhadores e pobres, a
ex-deputada pelo Estado da Geórgia, Cynthia McKinney, que se apresenta
pela coalizão "Power to the People", "Poder Para O Povo", propondo-se
a formar um novo Partido da Reconstrução.

Assim, ela está de fato abrindo uma brecha no sistema chamado dos
"republicratas" - o bipartidarismo de fachada que une Democratas e
Republicanos em torno dos interesses do "establishment", o
imperialismo – sistema que bloqueia a expressão independente dos
trabalhadores e da maioria oprimida, negros, latinos e mulheres.

Cynthia está disputando a legenda do Green Party, o Partido Verde
estadunidense, para registrar a sua candidatura presidencial, mas a
sua campanha é acintosamente boicotada pela imprensa desde os próprios
EUA, como explica o jornalista Múmia Abu-Jamal, o prisioneiro negro
mais conhecido no país (injustamente encarcerado no "corredor da
morte" onde aguarda um pedido de novo processo), que esta semana
denunciou o "silêncio" e anunciou seu apoio à candidatura de Cynthia.

De fato, sua candidatura representa um raio de esperança para todos
os oprimidos nos EUA e no mundo. Sem precisarmos concordar com todos
pontos de vista desta militante negra, é indiscutível o que ela
representa nos EUA. Deputada à época pelo Partido Democrata, no
parlamento procurando ser a voz dos negros e oprimidos, teve a coragem
de se opor a Guerra do Iraque quando ela fazia a "unanimidade" dos
Democratas e Republicanos, inclusive Clinton e Obama. Foi depois
"recompensada" pela oligarquia que controla os Democratas, que sabotou
e impediu sua reeleição: resultado, hoje é uma personalidade
nacionalmente respeitada na comunidade negra e além.

Perguntada sobre Barak Obama, ela lembra que na política externa "o
principal conselheiro de Obama é Zbigniew Brzezinski" que já serviu a
outros presidentes, "se orgulha de ter sido quem criou de conjunto o
movimento do Jihad (guerra santa) afegão e o movimento que gerou Osama
Bin Laden", e ainda há pouco insistia em entrevista que "valeu à pena,
porque nós queríamos terminar com os Soviéticos". Que mudança, então,
Obama pode representar?

A um editorialista que comentou que a ascensão de Obama significava
que "a raça de agora em diante não é mais um critério na política
americana", ela retrucou: "Vá dizer isso aos negros que vivem em Nova
Orleans e sofrem as conseqüências do furacão Katrina! Ou que enfrentam
o furacão América nas cidades e comunidades em todo o país...".

Em setembro do ano passado, Cynthia McKinney se engajou como
co-presidenta na organização do Tribunal Internacional Sobre o Furacão
Katrina, que concluiu pela condenação dos governos federal,
Republicano, e estadual e municipal, Democratas, como "responsáveis
por crime contra a humanidade", por terem engendrado um verdadeiro
genocídio contra os negros da região da Costa do Golfo, Luisiana e
Mississipi. O Tribunal conclui com exigências dirigidas ao Congresso e
ao Presidente Bush, como "apoio ao direito ao retorno" dos
sobreviventes dispersos pelos EUA, "reparações pelas perdas" e
"projeto público federal massivo de recuperação".

Depois do Tribunal, Cynthia declarou que, para satisfazer essas e
outras reivindicações dos negros e dos trabalhadores nos EUA, é
preciso um programa e uma agenda por uma verdadeira mudança: "Isso não
veio de nenhum dos dois grandes partidos políticos (nem Democratas nem
Republicanos). A satisfação das reivindicações feitas pede então uma
outra coisa: a formação de um Partido da Reconstrução".

Na semana passada, foi lançado um "Comitê Internacional de Apoio à
Campanha Presidencial Power To The People de Cynthia McKinney e à
formação de um Partido da Reconstrução nos EUA", na forma de uma
campanha de adesões.

Não apenas os negros da Diáspora africana, mas os trabalhadores e os
oprimidos, e todos defensores do direito à autodeterminação dos povos
devem ter o maior interesse na campanha de Cynthia. No Brasil também,
onde a questão negra tem a importância que tem, e onde o problema da
expressão autônoma e própria dos oprimidos no terreno eleitoral está
também colocado, vamos divulgar esta candidatura.



Markus Sokol é membro do Diretório Nacional do PT e dirigente da
corrente interna O Trabalho