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quarta-feira, 30 de setembro de 2009

LEITURAS DE VEJA Uma revista megalômana

Por Luiz Antonio Magalhães em 29/9/2009

A última edição do semanário mais lido do Brasil (nº 2.132, com data de capa de 30/9/2009) é a prova concreta de que muita coisa está errada neste país. O pessoal que trabalha no Itamaraty, por exemplo, não está dando expediente no lugar certo. Chanceler e diplomatas de carreira deveriam todos bater ponto no modernoso prédio da Marginal do rio Pinheiros, em São Paulo, ou mais precisamente, para quem não conhece, na sede da Editora Abril, responsável pela publicação de Veja.

Sim, porque a matéria de capa desta semana – reproduzida abaixo e que levou o inspirado título "O imperialismo megalonanico", um trocadalho horroroso perpetrado pelo jornalista Reinaldo Azevedo, blogueiro da revista – é uma das coisas mais arrogantes já publicadas na imprensa brasileira.

A julgar pela reportagem de capa da revista, a turma de Veja deveria assumir imediatamente o comando do Itamaraty ou, se isto for pouco, tomar conta logo do Palácio do Planalto, que é onde as coisas são decididas. O tema da matéria, como o leitor já deve imaginar, é a participação brasileira na crise em Honduras, onde o presidente legitimamente eleito está refugiado na embaixada brasileira enquanto o governo golpista tenta negociar alguma saída que evite a volta de Manuel Zelaya ao cargo que lhe é de direito.

Para os editores de Veja, porém, a situação é bem diversa. Ponto um: a política de relações exteriores do governo federal está errada e o Itamaraty se submeteu à lógica do presidente venezuelano Hugo Chávez. Ponto dois: o golpe de Estado em Honduras foi uma "medida justificável". Para ninguém dizer que se trata de uma interpretação deste observador, cabe reproduzir o que foi escrito na revista:

"Houve um golpe de estado? Sim. País pequeno e pobre, Honduras foi transformada num caso exemplar do repúdio da comunidade internacional aos golpes de estado. Foi castigada com sanções econômicas e congelamento nas relações diplomáticas. Exceto por isso, o problema não era tão grande. A medida de força foi, até certo ponto, justificável pelas leis do país. Até o momento do golpe, o maior perigo para a democracia era o presidente Manuel Zelaya."

Argumento dispensável

Pode parecer incrível, mas é isto mesmo que está escrito. Veja decidiu que o golpe não era um "problema tão grande", que a medida de força foi "até certo ponto justificável pelas leis do país" e ainda que o perigo maior era o presidente constitucionalmente eleito Manuel Zelaya, cujo grande pecado teria sido propor uma consulta ao povo do seu país para que, junto com a eleição presidencial, decidisse se quer ou não convocar uma Assembleia Constituinte para rever as leis hondurenhas. Ao contrário do que se tem escrito por aí, esta é a verdade pura e simples: Zelaya não queria um novo mandato, o plebiscito não tinha esta intenção, mas tão somente convocar a Constituinte, se o povo assim decidisse.

Não é o propósito aqui de debater o episódio em si, o que interessa é a cobertura da revista que pretende dar profundas lições aos diplomatas e também ao presidente Lula. Veja mostra que sabe governar melhor do que ninguém e se apresenta capaz de elaborar perfis muito profundos da alma das pessoas, mesmo sem entrevistá-las. É precisamente este o caso de Zelaya, que mereceu um parágrafo especialmente afetuoso, digamos assim, na reportagem do semanário da Abril:

"Não se deve descartar a hipótese de que o homem seja um lunático. Como sugere sua queixa, na semana passada, de que `um grupo de mercenários israelenses´ estava perturbando seu cérebro com `radiações de alta frequência´. A paranoia dos raios mentais é um sintoma clássico de esquizofrenia. O certo é que Zelaya não cabe no figurino de um mártir da democracia."

É deveras espetacular o nível de aprofundamento e a percepção certeira da revista ao elaborar o "perfil humano" do presidente hondurenho. Além do que, os leitores foram brindados com uma aula de psicanálise ao serem informados de que os raios mentais são sintomas clássicos de esquizofrenia – seria interessante saber quantos psicólogos e psiquiatras Veja consultou para chegar a esta conclusão tão peremptória. Mais ainda, a revista sabe com toda a certeza que "Zelaya não cabe no figurino de um mártir da democracia", afirmação que simplesmente dispensou qualquer argumento adicional. Pois é, o homem parece ser o próprio coisa-ruim, veste chapéu, usa guayabera, tem mais de dois metros de altura, então só pode ser o coisa-ruim mesmo. E assim sendo, não pode gostar de democracia, conclui a revista...

Propaganda disfarçada

Aos leitores que acompanham este observador nas análises que faz para esteObservatório do material produzido pela redação de Veja, pode parecer até um tanto repetitivo, mas é preciso sempre voltar ao âmago da questão: o semanário da Editora Abril há muito tempo não é um veículo noticioso, mas um panfleto político com objetivos e ideologia bastante claros. O que se lê na Veja não é jornalismo, mas proselitismo político.

A revista tem lado e faz questão de mostrar, em todas as edições, os ideais que defende. Em algumas, até consegue disfarçar um pouco e apresentar como jornalismo o contrabando editorial que quase todas as suas matérias trazem. Em casos como o da edição corrente, a redação deixa o pudor de lado e vai direto ao ponto, abordando o leitor de maneira grotesca e impondo sua visão de mundo na forma de reportagem.

Para o público mais desatento, a coisa pode até passar por jornalismo; para os mais politizados, deve soar como uma espécie de humor nonsense; mas, na soma geral, é apenas propaganda disfarçada de algo remotamente próximo ao jornalismo.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Duelo final em Honduras

Editorial - Tiempo, San Pedro Sula, 23 de septiembre de 2009


Duelo final


El audaz y sorpresivo retorno del presidente José Manuel Zelaya Rosales a Tegucigalpa, para iniciar sobre el terreno la restauración del orden institucional, viene a ser el final del duelo entre el régimen de facto y el régimen constitucional que vuelve por sus fueros.

Respaldado por la mayoría del pueblo hondureño, por la Organización de los Estados Americanos (OEA), las Naciones Unidas (ONU) y los pueblos de todo el mundo, el presidente Zelaya Rosales ha planteado inmediatamente, desde su residencia temporal de la Embajada de Brasil, la realización del diálogo nacional que garantice la rehabilitación del Estado de derecho en paz, concordia y unión de la familia hondureña.

Simultáneamente, la asamblea general de la OEA ha reiterado su resolución contra el golpe de Estado del 28 de junio y la exigencia de la restitución inmediata e incondicional del presidente Zelaya en el mando presidencial de Honduras, aunque dando ahora cabida a la solución diplomática concernida en las negociaciones del Acuerdo de San José y en vista del giro de los acontecimientos a lo largo de los casi tres meses transcurridos después del golpe militar.

La presencia del presidente Zelaya Rosales en territorio hondureño cambia casi por completo el panorama político, y, por supuesto, las circunstancias en torno a la aplicación del Acuerdo de San José, tanto por la negativa total del gobierno de facto a suscribirlo en todos sus extremos como por la evolución del proceso político constituido en movimiento de resistencia nacional al régimen de facto, el cual demanda un cambio más a fondo a través del poder constituyente.

En estas condiciones, la sociedad hondureña está abocada a un desenlace crucial toda vez que el presidente Zelaya se encuentra hondamente comprometido con la solución diplomática, que le reporta el apoyo mundial a su postura de dignidad y buena fe, mientras el sector golpista encabezado por el espurio jefe de Estado, Roberto Micheletti, desconoce totalmente el apremio de la voluntad nacional e internacional para acabar con la crisis política en Honduras.

Puestas así las cosas, el curso de los acontecimientos relacionados con la crisis política, y, más específicamente, con el proceso electoral proyectado para noviembre próximo, se verá sometido a extraordinarias presiones en línea con la filosofía del Acuerdo de San José que difícilmente podrá esquivar ni soportar el régimen de facto, el cual da la impresión, hasta este momento, de que está decidido a inmolarse antes que dar paso a la razón y el interés nacional.

Por lo demás, el presidente Zelaya ha logrado –con éxito— el cruce del Rubicón… y lo demás es cuestión de tiempo. De poco tiempo.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Bases dos EUA querem cercar América Latina

Bases dos EUA querem cercar América Latina

O governo dos Estados Unidos e seu satélite colombiano não escondem o objetivo central das novas bases militares na Colômbia: cercar e esmagar a luta anti-imperialista na América Latina e hoje com alvo central na Venezuela.
No pacto militar assinando entre Colômbia e EUA está escrito que além do combate ao tráfico de drogas, armas e grupos terroristas, há o objetivo de “promover e defender a democracia e a liberdade”. A história latino-americana está recheada de exemplos de golpes e invasões patrocinadas pelos EUA em nome da “liberdade e democracia”, uma senha para atacar todos os povos que ousem se levantar pela soberania nacional. O ex-conselheiro de segurança nacional dos EUA Zbigniew Brzezinski declarou que o pacto visa também conter a Venezuela: “a Venezuela tenta desestabilizar a Colômbia e vamos continuar a ajudá-la” (OESP, 14/09/2009).
Não é a toa que o ministro da defesa da Colômbia, Jaime Bermúdez, confirmou que seu país não pretende garantir nada sobre o usos das bases colombianas por tropas dos EUA. O país tornou-se a plataforma central de ação dos EUA na região depois que o Equador fechou a base militar de Manta. Esta instalação era o principal centro de espionagem eletrônica, com tecnologia de satélites, do Pentágono na América do Sul e era utilizada como plataforma logística de inteligência militar, para alavancar as operações coordenadas pelo Comando Sul.
A Colômbia tenta comparar seu pacto, que abre o território para os EUA agirem livremente, com as compras de armas de países da região para sua auto-defesa.
As compras de materiais militares pelos países da América Latina são uma pequena poeira perto dos gastos militares dos EUA. Os gastos previstos chegam a R$51 bilhões, menos de 3% dos gastos mundiais no setor e equivalente a 72 horas de despesas das guerras dos EUA segundo o jornalista Roberto Godoy (OESP, 15/09/2009).

A reunião de chanceleres e ministros de defesa da região realizada em 15 de setembro mostra a encruzilhada da Unasul, que passou a ser utilizada pela Colômbia como espaço para ameaçar e pressionar os outros países. Para questionar até o fim a ingerência dos EUA através das bases colombianas é necessário também rever o acordo das bases dos EUA em Alcântara no Brasil, a base no Paraguai e as duas bases no Peru, além da vergonhosa participação de vários países da região na ocupação do Haiti. O Conselho Sul-americano de Defesa da UNASUL corre o sério risco de tornar-se um legitimador e complemento da política imperial dos EUA na região.

As bases militares dos EUA

As novas bases podem ser usados para transportar tropas para a África e intervir nos países da região. Na Colômbia, os EUA contam com três bases militares, a de Arauca, projetada para “combater” o narcotráfico, mas que de fato é utilizada como ponto estratégico para o monitoramento da zona petroleira, especialmente a da Venezuela. Outra é a Base Militar de Larandia, que serve como base de helicópteros. Possui uma pista de aterrissagem para bombardeiros B-52 e permite uma cobertura para ataques em quase todo o sul do continente. A terceira é a Base Militar de Três Esquinas. No Peru há duas bases militares: Iquitos e Nanay, utilizadas por soldados dos EUA que operam na zona fluvial Nanay, na Amazônia peruana. O ministério da Defesa colombiano enumerou as novas bases: as aéreas serão Malambo, no departamento do Atlântico; Palanquero, em Cundinamarca; e Apiay, em Meta. As bases do exército serão Tolemaida, em Cundinamarca; e Larandia, em Caquetá. As navais serão as de Cartagena e Bahia Málaga, no departamento de Valle Del Cauca. No Paraguai se encontra a Base Mariscal Estigarribia, desde maio de 2005.
Com os mesmos objetivos, os Estados Unidos tem pretensões de instalar, no futuro, quatro bases adicionais: uma em Alcântara no Brasil; outra na zona de Chapare na Bolívia; outra mais em Tolhuin, na província de Terra do Fogo, na Argentina; e a última na zona conhecida como a tripla fronteira, localizada na fronteira entre o Brasil, a Argentina e o Paraguai.

A Bolívia se prepara para novas eleições presidenciais

Em 6 de dezembro ocorrem eleições presidenciais na Bolívia e Evo Morales enfrentará outros sete candidatos oposicionistas. As eleições serão uma oportunidade para os trabalhadores e a juventude boliviana, no diálogo com todos aqueles que irão votar em Evo, darem passos concretos para construírem seu próprio partido. Os trabalhadores vem corretametne pressionando Evo a avançar no antendimento de suas reividicações.
A crise mundial provocou demissões em massa no país e nenhuma resposta do governo. Ao mesmo tempo a direita provoca atentados com dirigentes populares e mantém as ameaças de separatismo. Isso ocorre em um ambiente de novas ações dos EUA na região como as bases na Colômbia e o apoio velado ao golpe em Honduras.
Existem grandes possibilidades de que Evo seja reeleito, ainda que a maioria das frentes de direita acreditem poder derrotá-lo. Evo recebeu mais de 60% dos votos no último referéndum e as atuais pesquisas apontam para uma vitória também no Senado e na Câmara de deputados. Serão eleitos 130 deputados e 36 senadores.
A direita está dividida. Entre os oposicionistas estão o ex-capitão do exército Manfred Reyes Villa e Leopoldo Fernández, exprefeito de Pando e hoje preso. A candidata Ana María Flores do Movimiento de Unidad Social y Patriótica (Muspa); o dirigente camponês Román Loayza, ex MAS; Alejo Véliz va da sigla Pulso; El exprefeito de Potosí René Joaquino da Alianza Social (AS); o empresario Samuel Doria Medina do Unidad Nacional (UN), e o movimiento Bolivia Social Demócrata com o candidato Rime Choquehuanca.
Nas próximas eleições o povo trabalhador em sua maioria vai apoiar a reeleição de Evo Morales para que suas reivindicações sejam atendidas. É necessário exigir de Evo Morales que atenda as reivindicações mais urgentes do povo boliviano, fim das demissões, aumento salarial, a nacionalização da mineração privada, Reforma agrária com expropriação do latifúndio no Oriente. O destino da revolução na Bolivia depende do grau de organização que os trabalhadores e o povo oprimido consigam alcançar de forma independente.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Trabalhadores lutam por saúde pública nos EUA

Os debates sobre a reforma do falido sistema público de saúde dos EUA colocam Obama frente a frente com os milhões de trabalhadores estadunidenses que votaram nele. Esse foi um dos pontos centrais da paltaforma política que o levou à presidência e agora abre uma crise politica no país entre as massas mobilizadas e as grandes empresas do setor.

No interior do movimento sindical existe uma grande campanha apoiada por organizações e militantes que defendem há muito tempo um sistema de saúde pública universal. A proposta é baseada no pagamento único e na assistência completa para todos os residentes nos Estados Unidos. O Projeto de Lei (HR 676), que propõe esse sistema de saúde, já foi apoiado por 556 instâncias sindicais de 49 estados com 130 comissões executivas e 30 federações de estados da AFL-CIO (central sindical dos EUA). Richard Trumka, secretário-geral da AFL-CIO e candidato à presidente da central, declarou apoio à proposta. Mais de 50 resoluções submetidas durante a preparação do próximo congresso da central sindical pedem apoio ao projeto de lei HR 676.

A crise econômica afetou a saúde de milhões de pessoas. Um estudo publicado na American Journal of Publica Health (Revista Americana de Saúde Pública) pelo dr. Craig Pollack da faculdade de medicina da Pensilvânia revelou que a crise financeira provocou também uma crise na saúde: milhares de famílias não se tratam por falta de dinheiro para pagar médicos e remédios e outra perderam suas casas por dívidas com hospitais.

Mas Obama apresentou um projeto de reforma da saúde que busca preservar os interesses das grandes corporações de saúde e a indústria farmacêutica. Sua proposta limita-se a oferecer uma “opção pública”, ou seja, criar um setor de saúde pública básico ao lado, e sem questionar, o setor de saúde privada. A cúpula da AFL-CIO aderiu a essa proposta em oposição ao movimento das bases em apoio ao projeto de lei HR676.

Mesmo assim, a proposta Obama desencadeou uma campanha furiosa das grandes empresas de assistência médica e farmacêuticas com apoio dos partidos democrata e republicano, afirmando que se trata de uma “socialização da medicina”. A mobilização independente dos trabalhadores nos Estados Unidos, superando na luta muitas das ilusões que muitos têm no governo Obama, é o único caminho para garantir o direito à saúde pública para todos.