Pesquisar este blog

terça-feira, 30 de março de 2010

Solidariedade: o Haiti precisa de médicos, enfermeiros, engenheiros, técnicos, e não soldados!

Solidariedade: o Haiti precisa de médicos, enfermeiros, engenheiros, técnicos, e não soldados!

O Comitê “Defender o Haiti é Defender a nós mesmos” , da Assembléia Legislativa de São Paulo, vai realizar ato de solidariedade ao povo do Haiti, pelo fim da ocupação militar.

Os deputados Jose Candido e Adriano Diogo (PT/SP), juntamente com Julio Turra (Executiva Nacional da CUT), Marcelo Buzzeto (MST) , Milton Barbosa (Movimento Negro Unificado) e Barbara Corrales, do Comitê, vão receber o companheiro Robert Fabert , dirigente da ATPC - Associação dos Trabalhadores e Povos do Caribe, recém chegado do Haiti, de onde traz, a partir de entidades do movimento popular e sindical, a proposta de uma Jornada Internacional de Apoio e Solidariedade ao Povo do Haiti, em 1 de Junho, data do sexto aniversário da ocupação.

Também será exibido vídeo-documentário "Estamos Cansados" filmado e produzido pelo jovem estudante da UNICAMP -- Daniel Santos, militante da Juventude Revolução - IRJ -- com imagens do terremoto e depoimentos denunciando a presença das tropas da MINUSTAH no pais.

• Sim à Solidariedade com os trabalhadores e o povo do Haiti!

• Anulação imediata da Dívida Externa!

• Restituição ao povo haitiano de sua plena soberania! Pela retirada das tropas!


COMO PARTICIPAR:
Quando: 5 de abril (segunda-feira)
Horário: 19h30
Onde: Sindsep - Sindicato dos Sevidore Municipais de S.Paulo
Endereço: Rua da Quitanda, 162 - Praça do Patriarca
(Próximo do Metro São Bento)
Entrada: livre

quarta-feira, 10 de março de 2010

As origens operárias do 8 de março

As origens operárias do 8 de março

A origem das comemorações do 8 de março está ligada a luta do conjunto do movimento operário contra o capitalismo. A história da jornada de luta das mulheres trabalhadoras não tem nada em comum com as atuais comemorações feministas que não fazem diferença entre uma operária e uma grande proprietária de fábrica.
A luta para defender os direitos das mulheres trabalhadoras nasceu com o próprio capitalismo industrial. Os capitalistas se aproveitaram inicialmente das máquinas que não precisavam da força física dos homens para explorar mulheres e crianças brutalmente nas fábricas. Jornadas de trabalho noturno de até 16 horas, sem descanso remunerado, sem qualquer proteção assintencial e sindical, consumiram gerações inteiras de trabalhadores. O trabalho feminino sem proteção permitia aos patrões rebaixar os salários dos homens e explorar toda a família operária sem limites. Como já alertava Marx:
“À medida que a maquinaria torna a força muscular dispensável, ela se torna o meio de utilizar trabalhadores sem força muscular ou com desenvolvimento corporal imaturo, mas com membros de maior flexibilidade. Por isso, o trabalho de mulheres e crianças foi a primeira palavra-de-ordem da aplicação capitalista da maquinaria. (...) O trabalho forçado para o capitalista usurpou não apenas o lugar do folguedo infantil, mas também o trabalho livre no círculo doméstico, dentro de limites decentes, para a própria família.” ( O Capital, p. 23, vol. 1, tomo 2, ed. Abril)
A Internacional Socialista ou (2ª Internacional), com a participação ativa de Engels, adotou uma Resolução sobre os Direitos das Mulheres em 1889 que levantava as seguintes reivindicações: jornada máxima de 8 horas, descanso semanal, escola gratuitas laicas e mistas, fim das discriminações contra as mulheres, licença maternidade remunerada, direto de voto igual para mulheres e homens.
Em 17 de agosto de 1907 ocorria em Stuttgart a 1ª Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, que teve a participação de 58 delegadas representando 15 países. Foi durante a 2ª Conferência, realizada em Copenhague em 24 e 25 de agosto de 1910 que a proposta de Jornada Internacional das Mulheres Trabalhadoras foi defendida pela primeira vez pela dirigente do partido socialista alemão Clara Zetkin (1857-1933). Foi decidido ainda que a 1ª Jornada seria realizada em 19 de março de 1911 para celebrar os 40 anos da Comuna de Paris. Mas a data do 8 de março mudou em função de outro acontecimento.
No dia 8 de março de 1917 (23 de fevereiro no antigo calendário russo) ocorreu uma greve de operárias da tecelagem em Petrogrado que ganhou adesão e solidariedade de outras categorias e se espalhou como rastilho de pólvora. A greve espontânea foi o primeiro momento da revolução e que acabou por desencadear a queda da monarquia russa e por fim, a revolução operária de outubro de 1917.
No Brasil a primeira greve geral do país ocorrida entre junho e julho de 1917 em São Paulo foi iniciada a partir da greve das operárias do Cotonifício Crespi no bairro da Mooca. A greve iniciada em junho tinha como motivação a luta contra o prolongamento do turmo noturno e por aumento salarial. Nesta época mulheres e crianças eram a maioria da massa de trabalhadores das fábricas texteis. A greve se espalhou por São Paulo e outras capitais
Em 1921, durante a Conferência das Mulheres Comunistas, realizada em Moscou, foi adotado o dia 8 de março como data de unificação das Jornadas de Luta das Mulheres Trabalhadoras contra o capitalismo, celebrando também a data em que as operárias russas iniciaram de fato o desencadeamento da revolução. Até a década de 1970 o 8 de março fazia parte apenas do calendário de luta do movimento operário.
Em 1975 a ONU decidiu incorporar o 8 de março em seu calendário como Dia Internacional da Mulher. A cor lilás foi adotada como cor símbolo das feministas nas comemorações buscando apagar as diferenças de classes e a identificação com a luta operária. Tratava-se de mais um passo para tentar afastar o dia de luta das trabalhadoras das suas cores e propósitos originais. O 8 de março surgiu como parte da luta maior do movimento operário pela emancipação da humanidade.

segunda-feira, 8 de março de 2010

A VOLTA DO ENSINO TRADICIONAL DE HISTÓRIA?

A divulgação do Edital e bibliografia exigida para o novo concurso de professores de História do governo do estado, depois da implantação das apostilas obrigatórias, parece revelar a volta oficial de uma metodologia de ensino tradicional e conservadora nas escolas públicas estaduais. Todo o esforço das últimas décadas na área de História para incentivar e dinamizar o papel do professor-pesquisador, para favorecer a pesquisa e a construção do conhecimento histórico em sala de aula, fortalecer a autonomia e o compromisso do trabalho do professor, parecem regredir. Na bibliografia do concurso há uma exigência excessiva de teorização e técnicas didático-pegagógicas e uma ausência significativa de indicações bibliográficas de áreas importantes como História da América, Antiga, Medieval, Moderna, Contemporânea, além da ausência de outros recortes temáticos e temas transversais de História. A proposta parece ser coerente com a imposição do apostilamento obrigatório a ser seguido pelos professores, a exclusão dos livros didáticos (mesmo gratuitos), a “limpeza” do debate historiográfico, que pode conduzir à implantação de uma História única, oficial, obrigatória, padronizada. Segundo essa lógica, o bom professor não é necessariamente aquele que domina o conhecimento da sua área e é capaz de debatê-lo, enriquecê-lo e mesmo modificá-lo em sala de aula. O bom professor passa a ser aquele que é eficaz tecnicamente na aplicação do conhecimento padronizado segundo uma abordagem previamente estabelecida. As avaliações como o SARESP tendem a favorecer e aprofundar o engessamento dos temas e resultados da aprendizagem segundo uma visão única do conhecimento. Com isso nega-se a autonomia das escolas, dos professores e os próprios Parâmetros e Diretrizes Curriculares são secundarizados, talvez por permitirem flexibilidade ao professor para tratar o conhecimento histórico. Os historiadores aceitarão isso?
Everaldo Andrade