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segunda-feira, 8 de março de 2010

A VOLTA DO ENSINO TRADICIONAL DE HISTÓRIA?

A divulgação do Edital e bibliografia exigida para o novo concurso de professores de História do governo do estado, depois da implantação das apostilas obrigatórias, parece revelar a volta oficial de uma metodologia de ensino tradicional e conservadora nas escolas públicas estaduais. Todo o esforço das últimas décadas na área de História para incentivar e dinamizar o papel do professor-pesquisador, para favorecer a pesquisa e a construção do conhecimento histórico em sala de aula, fortalecer a autonomia e o compromisso do trabalho do professor, parecem regredir. Na bibliografia do concurso há uma exigência excessiva de teorização e técnicas didático-pegagógicas e uma ausência significativa de indicações bibliográficas de áreas importantes como História da América, Antiga, Medieval, Moderna, Contemporânea, além da ausência de outros recortes temáticos e temas transversais de História. A proposta parece ser coerente com a imposição do apostilamento obrigatório a ser seguido pelos professores, a exclusão dos livros didáticos (mesmo gratuitos), a “limpeza” do debate historiográfico, que pode conduzir à implantação de uma História única, oficial, obrigatória, padronizada. Segundo essa lógica, o bom professor não é necessariamente aquele que domina o conhecimento da sua área e é capaz de debatê-lo, enriquecê-lo e mesmo modificá-lo em sala de aula. O bom professor passa a ser aquele que é eficaz tecnicamente na aplicação do conhecimento padronizado segundo uma abordagem previamente estabelecida. As avaliações como o SARESP tendem a favorecer e aprofundar o engessamento dos temas e resultados da aprendizagem segundo uma visão única do conhecimento. Com isso nega-se a autonomia das escolas, dos professores e os próprios Parâmetros e Diretrizes Curriculares são secundarizados, talvez por permitirem flexibilidade ao professor para tratar o conhecimento histórico. Os historiadores aceitarão isso?
Everaldo Andrade

Um comentário:

Bruno Caccavelli disse...

É bom exemplo da política "pós-néo-liberalista" descompromissada com a sociedade que aí está. Apostilar o ensino público para equipará-lo ao privado (particular) só aumenta o abismo entre "educação" e formação intelectual.

Parece-me que é um tipo aprofundamento e expansão da "deseducação", já é imposta nos meios privados, fazendo com que o aluno seja um "caça-vestibular", mas se torna um adulto insosso e incapaz de criticar qualquer coisa!

Ai de nós, pois o futuro a eles pertence.