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terça-feira, 9 de outubro de 2012

A religião usada para dividir os trabalhadores

Nas últimas eleições tem crescido o papel das religiões e sua interferência na vida política. Mas nada ocorre por acaso. Em São Paulo a candidatura de Russomano foi abertamente apoiada pela Igreja Universal e o bispo Edir Macedo, líder desta Igreja, publicou “cinco razões” para não votar no candidato petista a prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, e cinco para votar em Celso Russomanno (PRB). Parte da cúpula do partido de Russomanno é ligada à Universal, dona da TV Record, onde o candidato atuava como apresentador de um programa sobre direito do consumidor. Na saída de cultos membros da Igreja distribuíram panfletos de apoio a Russomano. A igreja católica também se posicionou e d. Odílo Scherer, cardeal arcebispo de São Paulo, disse que “não é função da igreja apoiar ou indicar candidatos”, mas o arcebispo havia divulgado um texto com críticas ao candidato do PRB. Nas eleições de 2010 a religião também foi usada por parte da cúpula católica para atacar o PT, introduzindo no debate político questões como o aborto e a união estável de homossexuais. Mesmo o papa Bento XVI endossou indiretamente essa posição, falando a bispos brasileiros em Roma, aos quais aconselhou orientar os eleitores a rejeitar pelo voto candidatos e partidos favoráveis ao aborto e à eutanásia. Há também interesses econômicos em jogo. As igrejas formam verdadeiros impérios empresariais, jornais, rádios, escolas, universidades, editoras, capacidade de financiar campanhas políticas milionárias. As cúpulas das igrejas e a burguesia possuem interesses em comum, compartilham negócios. Nas eleições também se disputa esse patrimônio que não é nada espiritual, muito pelo contrário. Na verdade introduzir a questão religiosa nas eleições é uma outra forma de dividir o movimento operário, criar divisões nos sindicatos e nas lutas dos trabalhadores. Além disso, ajuda a desviar o debate que deveria se concentrar nas reivindicações concretas (creches, escolas, emprego..) para temas que dispersam as preocupações “terrenas”. Professar uma religião é um assunto privado, de cada um, e que não se opõe à luta coletiva dos trabalhadores. São as cúpulas das igrejas - que sempre serviram as classes dominantes e a defesa da propriedade privada – que veem com preocupação a iniciativa independente das massas. Quando o PT foi fundado e em seus primeiros anos na década de 1980, uma massa de militantes dos movimentos populares e das comunidades católicas ingressaram no partido. A cúpula da igreja católica tratou de destruir isso pelo retorno da igreja espetáculo, distante da reivindicações populares. A defesa elementar da democracia exige o respeito à liberdade de credos e o estado laico, que não favoreça qualquer religião. O estado deve ser neutro e defender a liberdade, inclusive para assegurar os direitos das religiões ou do ateísmo. A religião na política só interessa àqueles que querem dividir e enfraquecer as organizações construídas pelos trabalhadores como os sindicatos e os partidos, sua unidade, independência e capacidade de lutar pelas reivindicações.

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