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quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Há 60 anos ocorria a revolução boliviana

Há 60 anos ocorria a Revolução Boliviana de 1952
Neste 1º de maio de 2012 o presidente boliviano Evo Morales tomou uma medida importante ao nacionalizar a empresa de eletricidade REE, antes controlada por capitais espanhois. A TDE, criada em 1997 durante a privatização do setor elétrico e que está sob controle da Red Eléctrica desde 2002, investiu apenas 81 milhões de dólares nos últimos 16 anos. Ainda que limitada, a nacionalização pode ajudar a reatar o governo Evo com as tradições históricas de luta pela soberamnia nacional e o socialismo do combativo movimento operário do país. Há exatos 60 anos atrás - entre 9 e 11 de abril de 1952 - as massas populares bolivianas derrubaram do poder a velha oligarquia e instalaram um novo regime impondo a nacionalização das riquezas minerais do país. A revolução de 1952
Mural de Miguel Alandia A insurreição ocorreu entre os dias 9 e 11 de abril, iniciada a partir de uma conspiração militar do MNR (Movimento Nacionalista revolucionário), um partido pequeno-burguês reformista. As massas tomaram para si a luta e contra a proposta conspirativa do MNR tomaram os quartéis, formaram milícias armadas a partir dos sindicatos e impuseram a vitória da revolução popular. Na semana seguinte por iniciativa dos trotskistas era fundada a COB (Central operária boliviana) tendo como reivindicação principal a nacionalização imediata e com controle operário da mineração do estanho, principal riqueza do país e concentrada nas mãos de 3 grandes magnatas. A COB possuía nesse momento da revolução o núcleo do poder operário e popular. O MNR constitui um governo ainda com pouca autoridade política. A revolução se aprofunda sob pressão popular com a nacionalização das minas de outubro de 1952, a organização de milícias armadas dos sindicatos (o exército foi dissolvido), o início a reforma agrária em 1953 e o direito de voto aos analfabetos. Ao mesmo tempo o MNR reprime a militância trotskista nos sindicatos, toma o controle político da COB e enfraquece a ala revolucionária e socialista da própria revolução. A revolução de 1952, ainda que sob a direção de um partido pequeno-burgues de base popular, permitiu um gigantesco avanço principalmente pelo controle dos recursos naturais estratégicos do país – a mineração do estanho - e a consolidação de um núcleo combativo e unitário dos trabalhadores através da COB. Estas conquistas dão toda a atualiadade para a revolução de 1952. O golpe de 1964 e a comuna de La Paz
Com a rearticulação do exército e o controle do FMI sobre o país, as forças contra-revolucionárias ganham força e ajudam a explicar o golpe militar de 4 de novembro de 1964 que derruba o governo do MNR. Após dois governos militares o general reformista Juan José Torres chega ao poder a partir de uma greve geral da COB em outubro de 1970. Surge a Assembléia Popular ou Comuna de La Paz em maio de 1971, um conselho operário e popular a partir da representação direta das massas: 212 delegados foram eleitos a partir de assembléias de diferentes categorias profissionais, da juventude, de partidos políticos. A Comuna abriu seus trabalhos no dia 21 de junho e ao longo de algumas semanas discutiu e elaborou resoluções políticas que demarcavam as ações de um futuro governo operário: a criação de tribunais populares, gestão operária da mineração, formação das milícias operárias, criação da universidade única etc. Durante os meses de julho e agosto formaram-se assembléias populares regionais na tentativa de enraizar o movimento. Porém um novo golpe militar em 19 de agosto de 1971 sepulta em sangue a experiência mais avançada de constituição de um poder operário na região. Evo e a revolução As nacionalizações são medidas importantes para a defesa da soberania nacional do país e da América Latina. Desde que chegou ao poder, em 2006, Morales nacionalizou as reservas de hidrocarbonetos e empresas de gás e petróleo, de telecomunicações, mineração e hidroelétricas, que lhe renderam amplo apoio. Em maio de 2010 Morales também nacionalizou as geradoras Corani, da francesa GDZ Suez, e Guaracachi, da inglesa Rurelec PLC.
Mas Evo vem perdendo apoio ao se chocar com reivindicações populares. Depois de começar seu primeiro mandato em 2006 e seu segundo em 2010, a última pesquisa de Ipsos Apoyo, em março, deu a Morales 39% de popularidade, contra 64% quando foi reeleito em 2010. Ao mesmo tempo que nacionalizou uma empresa, logo após elogiou a espanhola Repsol:"Quero saudar o presidente da Repsol (Antonio Brufau, presente na ocasião). Sua presença, seu esforço, seu trabalho, como sócios", disse ele, de acordo com a agência de notícias EFE. "Reconheço e reconhecemos a liderança da Repsol, uma das maiores empresas internacionais do mundo, que sempre será respeitada como sócia", disse Morales. (BBC Brasil 2 maio). Isto explica as desconfianças e distanciamento das massas. O recente 15º congresso da COB, realizado em Tarija em janeiro, demarcou uma clara independência do governo Evo Morales. A principal decisão foi aprovar a necessidade de se construir um Instrumento Político dos Trabalhadores, um partido operário independente. Outra medida central foi a de exigir a retirada das tropas bolivianas do Haiti.

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