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quarta-feira, 20 de maio de 2009

Morreu o historiador boliviano Guillermo Lora

No último dia 17 de maio de 2009 morreu em La Paz um dos mais importantes intelectuais bolivianos e latino-americanos do último século. Guillermo Lora nasceu em Uncía em 1921 e ao longo de seus 88 anos de vida desenvolveu uma vasta obra intelectual com vários clássicos da historiografia boliviana como “La Historia del Movimiento Obrero Boliviano”, “La revolución boliviana – un analisis critico”, “La novela boliviana” entre numerosos escritos publicados em 67 grossos volumes de 500 páginas de suas Obras Completas. Era dono de um vigoroso e límpido estilo de escritor político, revelando-se profundo conhecedor da história política e cultural de seu país. Quem teve oportunidade de compartilhar seu contato pessoal não deixou certamente de ser influenciado pelo seu otimismo e energia como investigador e principalmente homem de ação. Sua enorme biblioteca e principalmente sua erudição cultural estavam sempre disponíveis para serem compartilhadas por jovens investigadores e a gente simples do povo que frequentava sua Universidade Popular. Formou várias gerações de intelectuais, professores, políticos e artistas comprometidos ou influenciados pelas suas ações e projetos de superação da miséria crônica que esmaga a Bolívia há tantos séculos. Foi acima de tudo um homem de ação que buscou encarnar a figura do intelectual revolucionário capaz de construir dialeticamente sua prática política e sua produção teórica. Permaneceu fiel e coerente com as perspectivas do marxismo e a orientação trotskista que abraçou desde sua juventude. Agiu decisivamente em momentos marcantes da história boliviana do século XX como a Revolução de 1952 e a Comuna de La Paz em 1971. Sua militância angariou admiradores e seguidores, mas também muitos adversários que, no entanto, o respeitavam pela sua integridade e coerência política e intelectual. Suas obras e sua trajetória por si sós incorporaram-se como parte do rico e original patrimônio histórico cultural não apenas da Bolívia, mas de toda a América Latina.

Everaldo de Oliveira Andrade

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