Declaração da IV INTERNACIONAL
"Acabar com as exigências do FMI e da União Européia”
Poucos dias bastaram para que a situação ficasse clara: nos acontecimentos atuais, não é só da Grécia que se trata, o que está em jogo é a sorte de todos os povos da Europa.
Levantando-se legitimamente contra um plano criminoso que ameaça em sua existência física, a classe operária, a juventude e toda a nação grega enfrentam uma santa aliança contra-revolucionária na qual, junto com o FMI presidido pelo “socialista” Strauss-Kahn, se encontram Obama, a União Européia, Angela Merkel, Sarkozy, Papandreu, os dirigentes da Internacional Socialista e muitos outros...
Em âmbito internacional e em cada um dos países, se repetem os mesmos chamados ao consenso e à união sagrada, para tentar integrar as organizações operárias aos planos criminosos que visam as aposentadorias, os empregos, os salários, os serviços públicos e as liberdades políticas e sindicais.
Não se trata da Grécia, se trata da Europa inteira. Assim que Papandreu apresentou seu plano, na França, o primeiro-ministro Fillon anunciou um plano de austeridade sem precedente, combinado com a ofensiva pela liquidação das aposentadorias. Enquanto que
na Espanha, o primeiro-ministro Zapatero chamava à união sagrada para aprovar planos
contra a classe operária. E na Grã-Bretanha se aproveita o resultado das eleições para
anunciar novos ataques contra a classe operária.
Poucos dias foram suficientes para que a situação que se desenvolve na Grécia desmascarasse definitivamente a falsidade dos discursos sobre a suposta “reforma”, “regulamentação” ou “limitação” que poderia se interpor à ânsia destrutiva dos especuladores, dos banqueiros e dos capitalistas. Quando o primeiro-ministro Papandreu fala de “salvar o interesse nacional”, o que em realidade ele defende é o sistema apodrecido e condenado da propriedade privada dos meios de produção.
Se a mensagem foi lançada pelas “agências de risco”, as decisões foram tomadas nas sedes do FMI em Washington, e da União Européia em Bruxelas. Essa mensagem é uma declaração de guerra contra os trabalhadores e o povo grego, contra os trabalhadores e os povos de toda a Europa. Uma guerra social cujos instigadores são os mesmos que, sob formas diferentes, desencadearam ontem as guerras militares para desagregar os Bálcãs, e os que hoje se colocam contra o povo afegão, iraquiano e paquistanês.
Uma guerra em que o imperialismo estadunidense tenta, por todos os meios, aumentar seu domínio e sua penetração no mundo inteiro (mediante a pilhagem, a multiplicação de bases militares e a desagregação das nações). Uma guerra que visa, em primeiro lugar, os próprios trabalhadores dos Estados Unidos, que sofrem em todos os planos os mesmos golpes que seus companheiros da Europa e do mundo inteiro. Uma guerra que expressa o beco sem saída de um sistema capitalista agonizante, que só é capaz de desenvolver as forças destrutivas contra os trabalhadores e seus direitos; um sistema que declara a guerra a todos os povos, a todas as classes operárias, e ameaça a existência de todas as nações em todos os continentes.
É um fato que não deixa de ser surpreendente: dentre todas as vozes que se levantam em protesto contra a injustiça feita ao povo grego, nenhuma exige a ruptura com a União Européia. E, no entanto, o levante do povo grego coloca questões simples, que estão na ordem do dia para todos os povos. Em particular, a exigência de anulação do plano imposto pelo FMI e a União Européia, e a recusa de todas as imposições feitas em nome da “dívida”. A IV Internacional coloca uma questão: existe outra saída, na Grécia, que não seja a nacionalização dos bancos e dos setores-chave da economia? O que, por sua vez, coloca a necessidade da nacionalização dos bancos “emprestadores” da França, Alemanha, Grã-Bretanha etc.
O movimento de resistência do povo grego põe também na ordem do dia, e em escala Internacional, a exigência da extinção das instituições anti-democráticas e supranacionais do Fundo Monetário Internacional, da União Européia, e também da OMC e do Banco Mundial que, depois de ter arruinado a quase-totalidade dos países de África, Ásia e América Latina com a dívida e os planos de ajuste estrutural, se lançam brutalmente agora contra os trabalhadores e os povos da Europa e Estados Unidos.
Em toda Europa (como no mundo inteiro), sob formas diversas e apesar dos obstáculos que encontram, crescem os movimentos de resistência contra a ofensiva destrutiva desencadeada pelo imperialismo. É uma luta comum pelo respeito da soberania das nações, indissociável do combate para instaurar os Estados Unidos Socialistas da Europa, unindo trabalhadores e povos das nações livres de todo o continente.
A IV Internacional se fundou sobre um programa que estabelece que a civilização e a humanidade só podem se salvar por meio da ação da classe operária pondo um fim ao sistema de exploração capitalista. Hoje, ela considera que a primeira tarefa que decorre desse programa consiste em trabalhar para reunir todas as forças que dentro do movimento operário, quaisquer que sejam suas origens, procuram preservar a independência das organizações. Tal é o sentido de seu apoio à Conferencia Operária Européia de Emergência de Berlim (19 e 20 de junho de 2010), e à Conferência Mundial Aberta de Argel (27, 28 e 29 de novembro de 2010).
Secretariado Internacional da IV Internacional
7 de maio de 2010
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